Aprender dobras ainda é importante?

    Quem nunca ouviu falar que o ortodontista formado pela técnica Edgewise finaliza melhor os seus casos em relação a quem aprendeu exclusivamente Straigthwire? Para esclarecer essa questão vale a pena relembrarmos um pouco da história da ortodontia.

     O “pai da ortodontia”, Edward H. Angle, buscou incessantemente alcançar o movimento tridimensional dos dentes, ou seja, desenvolver um aparelho ortodôntico que tivesse controle tanto do movimento de coroa, quanto do movimento radicular dos dentes. E foi buscando essa precisão na movimentação dentária que ele apresentou em 1928/29 o primeiro aparelho ortodôntico fixo com controle realmente preciso e eficiente do torque radicular: o aparelho Edgewise, também conhecido como aparelho do arco de canto. Com um arco retangular encaixado na canaleta dos braquetes, esse aparelho produziria forças binárias capazes de controlar tridimensionalmente os dentes! Genial!

     Porém, a técnica demandava uma grande habilidade manual dos ortodontistas e um extenso treinamento prático para o manuseio e confecção dos arcos ortodônticos, afinal o alinhamento, o nivelamento e os torques eram decorrentes de dobras e torções incorporadas ao arco ortodôntico. Sendo assim, cada detalhe desse arco e dessas dobras faria diferença no resultado final do movimento dentário e do tratamento.

    Diante do exposto acima, fica fácil de se entender porque o ortodontista formado pela técnica Edgewise desenvolvia um olhar extremamente sensível ao refinamento do tratamento e ao posicionamento dentário, afinal, tudo dependia literalmente das suas mãos e de sua capacidade em enxergar os pormenores da técnica, da posição dentária conquistada e previamente almejada.

     Com o advento da técnica pré-ajustada Straigthwire, proposta por Lawrence F. Andrews em 1976 e introduzida no Brasil na década de 80, “as dobras foram incorporadas aos braquetes”, ou seja,  as bases e canaletas dos braquetes passaram a ter um desenho adequado de modo que, ao receber o arco ortodôntico sem dobras, conferissem aos dentes angulação, inclinação e in-out ideais e previamente programados. Isso proporcionou maior praticidade à aparelhagem ortodôntica fixa, diminuindo a necessidade de dobras de primeira, segunda e terceira ordens, facilitando muito o dia a dia do ortodontista.

     Entusiastas da técnica chegaram a acreditar que seria o fim das tão temidas dobras! Realmente, a praticidade conquistada por meio da técnica Straightwire é inegável mas, engana-se quem acredita que o aprendizado e o treinamento em dobras passou a ser desnecessário… Fatores como o posicionamento dos braquetes na colagem, a espessura da resina na base das peças e a anatomia dentária podem influenciar na leitura das prescrições incorporadas aos braquetes e no resultado final desejado, necessitando que o ortodontista realize dobras no arco com o objetivo de melhorar o acabamento dos casos.

     Enfim, mesmo trabalhando com a técnica Straigthwire e suas mais variadas prescrições e individualizacões, se você quer ser um ortodontista diferenciado e deseja entregar um tratamento de excelência ao seu paciente, deve entender a importância de se aprender a técnica “mãe da ortodontia”,  de treinar sua habilidade em dobras e de treinar o seu olhar para os detalhes e para o refinamento do tratamento.

     Exemplos de dobras de finalização utilizadas para refinar o nivelamento dentário (FIGURA 1) e a angulação dentária (FIGURA 2).

Esse post foi criado pela Professora:

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Cristiana Prado

Professora do Instituto Marcelo Pedreira

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